domingo, 20 de fevereiro de 2011

Traição




Palavras, minhas amigas,
como é bom tê-las companheiras no vazio extenso das verdades que queimam e embaraçam meu peito,
tal qual labaredas profundas,
aflora-me os cantos de minha alma ,
e como sombras deslizam , calam,
ignoram-me.

Tecem a teia da incompreensão.
Confundem-se as palavras.

Leva-as a escória pela covardia em não delatar,
deixar-se calar pelo medo de mais uma vez estar diante do seu opressor,
para assim matar palavras minhas, tão amigas e companheiras,
mas agora traiçoeiras, inimigas da minha fantasia.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

AMAzônia.




AMAzônia,
tu guardas em teu solo um quinto da água doce de todo Planeta Terra.
Tua floresta armazena o futuro em remédios para a cura de muitas doenças.
Teu patrimônio mineral influencia as ações climáticas globais.
Tua variedade de ecossistemas resulta numa riqueza biológica imensurável.

AMAzônia sinto a tua dor diante do desmatamento desenfreado do qual desapareceram
nos últimos cinco anos 110 quilômetros quadrados de tua não mais tão vasta, floresta
tropical.

O Brasil, AMAzônia,
esforça-se,-antes tarde do que nunca, mas penso que seria preciso fazer mais por ti- em programas de desenvolvimento sustentáveis
para preservar," educadamente", o equilibrio ambiental da tua floresta.

Porém , o bem estar da tua floresta incomoda aos latifundiários da região que num clima de violência tiram dos índios suas terras e assassinam líderes dos seringueiros e missionárias.

Ironicamente, essa região aguça também a cobiça dos quem possuem mais poder.E diante disso pensam em internacionalizar-te, AMAzônia!

Pois é, os países ricos estão querendo tua biodiversidade: madeira, água e jazidas minerais.

Subestimam o Brasil por gerenciar tamanho potencial econômico!

Diz o francês Pascal Lamer: "todas as florestas
tropicais do mundo são bens mundiais".

Confessamos, AMAzônia, que fomos descuidados contigo. E o resultado disso foi a extinção de espécies, o efeito estufa e o aquecimento global.

Contudo, não queremos te perder para esses inoportunos forasteiros de primeiro mundo com seus discursos ambientalistas hipócritas.

Peço-te, AMAzônia, um pouco mais de paciência com os que détem o poder.

O Brasil precisa de ti.
O mundo precisa de ti.
Não nos deixe órfãos.
Não desapareça imensa parte do Planeta Azul!



,

Gente.


Gosto de gente...da sua cor,do seu cheiro.
Gosto de gente de todos os lugares e de todas as idades. Dos que vão , dos que chegam.Dos sonhadores e apaixonados.Dos tristes e inconformados. Dos doentes e desamparadosDos que crêem, e daqueles que buscam a sua verdade.

Gosto da criança presente na gente.Ela é sincera e feliz. Não esconde sentimentos ,veste-se de festa ao resgatar travessuras de uma infância saudosa,agora exposta na tela concreta da vida,serena e calma, redesenhadas e coloridaspor mãos de gente que é gente,por gente que é feliz!

Gente a sorrir
Gente a dormir
Gente a orar
Gente a semear sonhos
Gente a amamentar gente
Gente a sufocar paixões
Gente a morrer de ilusões
Gente a se descobrir genteao perdoar gente.
Gente a não querer gente no absurdo erro de não se aceitar Gente!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Valas


Expresso-me contra os desmazelos aos infelizes, principalmente crianças que morrem arrastados em asfaltos frios, jogadas pelas janelas de prédios e levadas pelas enxurradas das chuvas tropicais.




Sinto um pesar gasto em descalços pés que jaz enfermo minha renúncia de vida, cujo vaivém refaz névoas, apalpam meus olhos que esperam, correm aos deslizes de fatigantes lágrimas que caem e tecem de tristeza minha face oculta.

Escondo impuras desilusões expostas em caminhos errantes, neste enviés desencontro onde cansadas vozes se adiantam, camuflam meu corpo que se fere diante de mentes cruéis.

Deparo-me com feridos grilhões resgatados num passado de trevas, agora presentes e revelados por mãos que matam, sufocam inocentes embalados ainda por canções de ninar.

O nojo me comprime o peito que cospe na cara deste sistema inoperante que envolve o mau caratismo, gaba-se e explora o individuo que sonha com um país íntegro e igual para todos.


Decerto a vergonha está exposta em valas repletas de inocentes que em seu silencio mórbido tecem seu ideal de vida - morte, sopro do nada que os persegue , incerto passeio jogado em esquinas onde extasiam seu prazer final.